quinta-feira, 25 de junho de 2009

VOLTEI PRA FICAR

Lembra-se de mim? Aposto que não. Mas não se sinta constrangido: a culpa é toda minha. Eu mesmo pedi que me esquecessem. Foi durante uma entrevista.
Na vida pública, a gente é obrigado a se pronunciar o tempo todo, e às vezes algumas palavras escapam. Era final do meu mandato, estava com a cabeça quente, uma eguinha minha estava doente (a Pocotó), então dei a seguinte declaração a um repórter de um veículo famoso à época:
“Bom, o povo, o povão que poderá me escutar será talvez os 70% de brasileiros que estão apoiando o Tancredo. Então, desejo que eles tenham razão, que o Dr. Tancredo consiga fazer um bom governo para eles. E que me esqueçam”.

O Dr. Tancredo, vocês lembram, nem pôde assumir, mas a segunda parte do meu pedido se realizou: sumi da memória periférica do brasileiro. Como um presidente recente desta nação, acho que merecia pelo menos ser nome de avenida, túnel ou estrada importante. Pelo Google Maps, vi que dei nome a uma avenida em Abaetetuba (município do Pará), outra em Jundiaí, uma rua no bairro da Mooca (em São Paulo) – mas nada comparável, por exemplo, à Av. Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, ou à Rodovia Castelo Branco.

Para romper com esse silêncio é que resolvi fazer este blog. A posteridade sempre faz bem para as pessoas. Não importa o que você tenha feito em vida. Tem gente até elogiando a atuação parlamentar do Clodovil. Chegou a hora de eu me reposicionar na história. Creio que, no Brasil de hoje, com Collor frequentando comissões de ética, com a volta de Renan Calheiros aos holofotes do poder e com o baixo interesse do povo pela política, há ambiente para isso.